Semana da Água

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No Dia Mundial da Água, Alego realizou amplo debate com representantes de diversos setores da sociedade sobre o uso racional da água. O evento encerrou série de atividades feitas ao longo da semana sobre o tema.
A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) realizou, na manhã desta sexta-feira, 22, o encerramento das atividades da Semana da Água. O evento foi coordenado pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, presidida pela deputada Rosângela Rezende (Agir), em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e a Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago). A programação contou com palestras e debates relacionados aos recursos hídricos.

Além de Rosângela, o evento contou com a presença do subsecretário de Biodiversidade da Semad, Jorge Werneck; gerente de Programas e Projetos da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Marcos Pedro; superintende de Recursos Hídricos da Saneago, Camila Roncato; e o prefeito de Silvânia, Geraldo Luiz Santana (PP). Além disso, o evento contou com a presença de alunos e professores de unidades da rede estadual de ensino.

Ao iniciar o encontro, Rosângela Rezende pontuou que o evento gerará frutos para o futuro. Ela destacou também que estar ciente das mudanças climáticas e comunicar os diferentes agentes públicos sobre o que precisa ser realizado é essencial para enfrentar os desafios sobre o tema. A parlamentar destacou, ainda, o impacto das leis aprovadas, na Alego, junto aos órgãos de controle pela preservação do Cerrado.

Sobre a importância de zelar pelos hídricos, Rosângela declarou que a “água é vida e pão para a nação. É quase bíblico essa sabedoria. Nossas águas transformam Goiás em um Estado cada vez mais próspero para nossa vida, para o turismo e para o nosso carro chefe na economia, que é o agronegócio”.

Por fim, ela agradeceu à Associação Goiana de Municípios (AGM) e à Federação Goiana de Municípios (FGM) pela parceria e pelo fomento na educação ambiental, sobretudo em temas relacionados ao uso racional dos recursos hídricos e o impacto das mudanças climáticas. “Mudanças essas que são inegáveis e que tem afetado o Cerrado. E se o Cerrado secar, o Brasil secará, pois somos a caixa d’água desse País. Informação e comunicação são fundamentais para preservar, regenerar e perpetuar nossa vegetação e nossos recursos hídricos”, afirmou ao reiterar a importância do encontro.

Jorge Werneck destacou que o Dia Mundial da Água tem por objetivo mobilizar a população para a importância do uso racional da água e alertar, sobretudo, para o fato de que a população está aumentando e o recurso é finito. “Água é tudo e não é substituível. É importante que todos estejam incluídos nessa missão de cuidar das águas, pois é um problema de todos e a solução depende de cada indivíduo”, afirmou.

O professor Marcos Pedro comentou a importância desse debate para os estudantes e destacou o caráter inovador das ações apresentadas no evento, incluindo o novo sistema de monitoramento de recursos hídricos, lançado pela Semad.

Gestão de recursos hídricos

A primeira palestra foi ministrada pelo professor Dirceu Reis, da Universidade de Brasília (UNB) e teve como tema “Gestão de recursos hídricos frente às mudanças climáticas”. Ele iniciou sua explanação apontando a complexidade do tema. “Estamos tateando esse problema, porque não é um tema simples, de respostas precisas”.

O professor destacou que é preciso pensar nas várias fontes de água que existem: rios, lagos, reservatórios subterrâneos. E que para além disso, é preciso pensar no consumo propriamente dito. “Itens de consumo, por exemplo, demandam uma quantidade absurda de água para sua produção. E vários fatores estão associados à quantidade de água para ser utilizada. É um sistema natural que envolve vegetação, solo, chuvas”. Assim, ele explicou que fazer a gestão de recursos hídricos é balancear a quantidade de água disponível com a quantidade que precisamos utilizar e pensar, ainda, nesse balanço a longo prazo.

Ele explicou, também, que existem conflitos quanto ao uso de água. “O Brasil tem como principal fonte energética as usinas hidroelétricas, que funcionam a partir da água. Acontece, ocasionalmente, um choque de demandas. Às vezes, eu preciso usar água para irrigação de lavouras. Mas, se eu a utilizar, faltará água nas usinas e teremos crises energéticas”, afirmou. Porém, ele apontou que o desenvolvimento tecnológico é um aliado para evitar o uso irresponsável ou exagerado da água. “Essas tecnologias nos ajudam a reduzir o consumo de água. Isso é muito importante”, disse.

Clima e água

O professor Reis apresentou gráficos e mapas atualizados sobre as alterações nas médias das vazões de cheia e vazões de estiagem, e evidenciou que a tendência é de redução em áreas cada vez maiores. “Se o clima muda, pode haver alterações dos extremos, que são as vazões de cheia e vazões de estiagem, de maneira simples, enchentes e secas. Então, por exemplo, a mudança climática pode provocar secas extremas ou prolongadas”.

Por fim, o palestrante apontou o que pode ser feito para o uso racional dos recursos hídricos: “A grande questão é pensar em como gerir. Uma teoria que tem sido amplamente discutida é a gestão adaptativa dos recursos hídricos. Essa teoria é um caminho para lidar com a imprevisibilidade, na lógica de que essa gestão precisa ter flexibilidade. Afinal, se as caraterísticas climáticas são variáveis ao longo do tempo, não podemos ter um sistema rígido”, finalizou.

O papel de cada um

Os participantes também participaram de uma mesa-redonda com o tema “O papel de cada um no cuidado com as águas: estados, municípios, empresa e sociedade”, moderado pelo coordenador do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba, João Raiser, com participação do professor Kleber Formiga, da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro); Camila Roncato, representando a Saneago; Marcos Pedro, representando a Seduc; Carlos Alberto Almeida, representando a FGM; e a estudante Clarice Vitória, do Colégio Olavo Bilac.

O primeiro a intervir foi o professor Kleber, que abordou sobre a importância do conhecimento sobre o ciclo e o caminho da água. O professor destacou que problemas como enchentes e alagamentos são causados por ações humanas, como descarte incorreto de lixo e perda de áreas verdes nas residências.

Camila falou sobre a cobertura do fornecimento de água em Goiás. Ela também explicou sobre o cuidado dos recursos hídricos para evitar a perda de água no processo de distribuição para a população.

Marcos Pedro foi o último a fazer considerações e comentou sobre a necessidade de conciliar a gestão de recursos hídricos e meio ambiente com a educação formal.  Ele destacou que essa união é fundamental para transformar a sociedade e construir uma conscientização voltada para a sensibilidade quanto aos temas ambientais.

Após a mesa-redonda, foi transmitido um vídeo institucional da Semad sobre o Programa Juntos pelo Araguaia, o maior para recuperação ambiental do corpo d’água e uma referência para a recuperação de vegetação nativa do Cerrado.

O evento foi encerrado com a concessão do prêmio Protetor da Água a dez personalidades por relevantes serviços em defesa dos recursos hídricos em Goiás. O prêmio foi entregue pela deputada Rosângela Rezende e pelo subsecretário Jorge Werneck.

(Matéria publicada pela Agência Assembleia de Notícias em 22/03/2024)

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