Tem início a Virada Ambiental

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Com o propósito de que sejam plantadas mil mudas de espécies nativas do Cerrado em cada um dos 246 municípios goianos, a quinta edição da Virada Ambiental foi lançada nesta segunda-feira, 5, coincidindo com o Dia Mundial do Meio Ambiente. O lançamento ocorreu no auditório Carlos Vieira, no térreo da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), e foi comandado pela deputada Rosângela Rezende (Agir), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

A Virada Ambiental carrega o desafio da conservação do Cerrado e do aumento da qualidade ambiental em Goiás. Segunda maior região biogeográfica da América do Sul e formação savânica mais biodiversa do mundo, o Cerrado ocupa cerca de 25% do território brasileiro e preocupa pelo desmatamento que vem sofrendo, cujos dados anuais por estado podem ser conferidos na página deste projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Simbolizando o compromisso com o meio ambiente, Rezende plantou a primeira muda desta edição da Virada no bosque da Assembleia. A participação da Alego no evento reforça sua ambição quanto à sustentabilidade. A nova sede do Legislativo, por exemplo, foi arquitetada para melhor aproveitar o sol, tem 100% da iluminação em LED e 362 placas fotovoltaicas para a geração de energia solar, o que reduz a demanda de energia no seu entorno.

Antes das falas dos convidados houve apresentação da banda Batida Forte, com crianças do município de Rio Verde.

Rosângela Rezende afirmou que ser de Mineiros, nascente do Rio Araguaia, parte do Parque das Emas, divisa de duas bacias muito importantes [Amazônica e do Prata], a fez perceber a importância da natureza, do Cerrado, a riqueza do uso do solo.

Esse uso, disse, precisa ser repensado, não podendo se restringir ao agronegócio. “Somos uma força no agro? Somos. Mas temos uma legislação federal, um Código Florestal, uma Constituição Federal [a cumprir]”, ponderou. “É permitido, sim, explorar economicamente os recursos do Cerrado em 80%, mas essa exploração tem que ser devidamente licenciada”, acrescentou, ressaltando que a última semana foi movimentada por uma audiência pública sobre desmatamento em Goiás, realizada na Alego, e a aprovação de uma nova política ambiental.

Segundo a legisladora, é preciso avançar de forma organizada, técnica, aumentando a produtividade sem desmatar, lembrando frase da secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, dita na audiência pública da semana passada, de que o desmatamento persistirá enquanto as commodities valerem mais que a vegetação nativa. “Temos tudo para preservar o Cerrado, temos tecnologia e estamos perdendo o timing”, afirmou Rosângela Rezende, ressaltando que a Virada ambiental é luta pelo Cerrado vivo.

Desconcentrar o desenvolvimento

A reitora da Universidade Federal de Goiás, Angelita Pereira, disse que o Dia Mundial do Meio Ambiente e de abertura da Virada Ambiental  alegra e, principalmente, alerta. Ela afirmou ser preciso uma “visão de desenvolvimento mais ampla, mais democrática, menos concentrada”, salientando que 70% do PIB goiano está concentrado em 10% dos municípios.

A reitora destacou dois importantes projetos sediados na UFG: o Cempa, que é o Centro de Estudos e Monitoramento de Previsão Ambiental, e o Polo de Tecnologias Sociais. O primeiro é responsável por desenvolver previsões climáticas precisas, que auxiliam tanto a agricultura familiar quanto o agronegócio, e o segundo busca promover a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos, envolvendo cooperativas e populações que trabalham com materiais recicláveis.

A reitoria informou, ainda, que o Virada Ambiental nasceu como projeto de extensão da UFG e que o evento busca, além do plantio das mudas, aumentar a consciência ambiental.

O deputado Antônio Gomide (PT), por sua vez, enfocou a preservação do Cerrado, defendendo ser necessária uma ação imediata para evitar a degradação do bioma: “Nestes cinco anos de Virada Ambiental, constatamos um aumento de 45% no desmatamento em Goiás. Isso é alarmante e demanda uma resposta urgente. Precisamos dar um grito para salvar o Cerrado, que está desaparecendo diante de nossos olhos”.

Gomide expressou preocupação com a área do Cerrado que acompanha o Rio Araguaia, mencionando municípios como São Miguel do Araguaia, Niquelândia, Crixás e Nova Crixás, que apresentaram os maiores índices de desmatamento. Depois da fala do deputado houve a exibição de um vídeo institucional intitulado “Expedição do Rio Meia Ponte”.

Entrega de comenda 

Além da reitora da UFG e dos dois parlamentares mencionados, a mesa de trabalhos da Virada Ambiental teve, nesta manhã, a presença do presidente da Associação Goiana de Municípios (AGM) e prefeito de Goianira, Carlão da Fox (UB); do representante da Federação Goiana de Municípios (FGM), prefeito de Flores de Goiás, Altran Avelar (UB); do presidente da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater Goiás), Rafael Gouveia; do presidente do Sistema da Organização de Cooperativas do Brasil em Goiás (OCB/GO), Luís Alberto Pereira; da vereadora de Goiânia, Katia Maria dos Santos (PT); do delegado da Receita Federal, Djalma Alencar Lustosa Sobrinho; da diretora de Recursos Hídricos da Saneago, Camila Roncato; e da gerente de Economia Sustentável da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Rubia Santos Corrêa.

O presidente da Emater, Rafael Gouveia, destacou o papel da instituição em levar tecnologia, inovação e conhecimento aos produtores rurais, incentivando a produção sustentável e a recuperação de áreas degradadas. Ele convidou os presentes a conhecerem o banco de germoplasma e as mudas nativas do Cerrado mantidas pela agência, enfatizando a importância da preservação do bioma e a necessidade de parcerias para alcançar esse objetivo.

O presidente do OCB/GO, Luís Alberto Pereira, ressaltou a importância do cooperativismo na promoção da inclusão social, sustentabilidade e desenvolvimento das comunidades. Ele destacou as ações realizadas pelas cooperativas de reciclagem, agronegócio, agricultura familiar e infraestrutura, que contribuem para a preservação do meio ambiente e a produção sustentável.

A vereadora Katia Maria dos Santos alertou para as mudanças nas legislações estaduais e municipais que impactam diretamente a preservação dos recursos naturais, como o caso da bacia do Meia Ponte. Já Djalma Alencar Lustosa Sobrinho, da Receita Federal, destacou a preocupação da instituição em reaproveitar e destinar de forma adequada os resíduos sólidos apreendidos. A Receita, lembrou, participa da Virada Ambiental desde o começo da iniciativa.

Marcaram também esta manhã do evento a entrega da Comenda Virada Ambiental e apresentação do aplicativo PlanteGO, da Semad. Trata-se de aplicativo oficial do Estado de Goiás de registro de plantio. Foi criado para incentivar os goianos a registrarem seus plantios tanto no ambiente rural quanto urbano. O app parte do princípio da corresponsabilidade e busca, como benefícios, a sensibilização, a conscientização e a mobilização ambiental.

A programação da Virada Ambiental prossegue no período vespertino desta segunda-feira.

(Matéria publicada pela Agência Assembleia de Notícias em 05/06/2023)

 

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